Mostra Washington Novaes
Mostra Washington Novaes
A principal mostra do FICA traz, a cada ano, uma seleção do que de mais inovador o cinema mundial e brasileiro produziu na temática ambiental. Embora a definição de “filme ambiental” seja flexível para o FICA, de forma ampla, ela significa filmes que abordam, de maneira criativa, a relação entre ser humano e natureza.
Desde 2019, o FICA decidiu batizar essa competição como “Mostra Washington Novaes”, em homenagem a uma das figuras mais importantes de sua história e um dos maiores jornalistas e documentaristas brasileiros de todos os tempos.
Washington Novaes (1934-2020), embora paulista, adotou Goiás como sua casa e base de trabalho desde 1982. Trabalhou em algumas das principais redações do Brasil, incluindo a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo, o Última Hora e a Revista Veja, entre outras. Foi chefe de reportagem do Globo Repórter em sua fase áurea, no final da década de 1970, e também editor de economia do Jornal Nacional. Em Goiás, dirigiu o jornal Diário da Manhã. Fez alguns dos documentários mais marcantes para a televisão sobre povos indígenas e na temática ambiental, como as séries Xingu – A Terra Mágica, para a TV Manchete, Xingu – A Terra Ameaçada e O Desafio do Lixo, essas duas últimas para a TV Cultura. Foi consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e do Ministério do Meio Ambiente, coordenando a elaboração da Agenda 21 Brasileira. Ocupou também o cargo de Secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, entre 1991 e 1993. Esteve entre os que colaboraram com o FICA desde sua origem, trabalhando como consultor de meio ambiente, presidente do Festival e presidente do júri oficial em diferentes ocasiões.
A Comissão de Seleção deste ano justificou a escolha dos filmes para a Mostra Washington Novaes da seguinte maneira:
Gestos de encontros, paisagens arruinadas
A assepsia coreografada da produção em série. A montagem respeita o tempo do abraço no íntimo da floresta. Um rosto em suspenso é ativado pela tecnologia digital. O esturro da onça reverbera em primeiro plano. Um zumbido onipresente inquieta uma cidade. A viscosidade da lama arrasa tudo. A menina amalgama-se ao seu lugar de origem. O fim do mundo sussurrado ao pé do ouvido.
Diante desta coleção de gestos, como o cinema se coloca frente a um mundo esfacelado e de tantas narrativas em disputa? As paisagens que apreciamos e aquelas que criamos e recriamos em nossas fabulações deixam de ser cenário e tornam-se protagonistas de um mundo em crise, ávido pela fertilidade dos afetos.
Histórias, estéticas e urgências nos conectam profundamente a filmes diversos em gênero, tecnologia, temáticas, origens e condições de produção, demonstrando vontades e preocupações com o presente-futuro que ultrapassam fronteiras.
O corpo curatorial da Mostra Washington Novaes do 24o FICA propõe filmes potentes, plásticos, de valor documental e estético, com suas peculiaridades, fragilidades e cicatrizes.
Eles constituem essa constelação de mundos em caos, em que lutas dos povos originários dividem espaço com críticas à exploração de recursos naturais, reflexões sobre o poder destruidor e reparador da mão humana sobre a Terra, as ausências fantasmagóricas de paisagens abandonadas.
Frente à multiplicidade conceitual do termo “cinema ambiental”, reunimos uma diversidade de gestos entre a denúncia e a fabulação, compreendendo tais instâncias como complementares, porosas, fluidas, que se espiralizam em novos gestos criativos e de encontro.
Nessa rede de relações entre filmes e dos filmes com espectadoras/es, qual é a nossa responsabilidade a partir do contato com estes CinemaS, assim, no plural?
Por meio de imagens sobreviventes de outros e atuais tempos, os muitos fins de mundo colidem. O cinema está presente para documentá-los, reinventá-los, fabulá-los.
Benedito Ferreira, Cássio Kelm Soares, Fernando Segtowick, Geórgia Cynara, Juliane Medeiros, Santiago Dellape, Solemar Oliveira

Prêmio Cara Carolina para o melhor longa metragem:
R$ 30 milPrêmio Acari Passos para o melhor filme de curta-metragem ou média-metragem:
R$ 15 milPrêmio Carmo Bernardes para melhor direção
R$ 10 milPrêmio João Bennio para o melhor filme goiano
R$ 20 mil
Troféu Jesco Von Putkammer para o melhor filme
R$ 10 mil
Troféu José Petrillo para o melhor filme
R$ 10 mil
Troféu Luiz Gonzaga Soares para o melhor filme escolhido pelo júri popular
R$ 10 milFilmes
Longas-metragens:
Adrian Cowell 50 anos no Brasil
Brasil (GO), 2023
Documentário, 103 minutos
Direção: Vicente Rios
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Aya
Bélgica/França, 2021
Documentário, 90 minutos
Direção: Sébastien Andres e Alice Lemaire
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OSTROV – Lost Island
Suíça, 2021
Documentário, 91 minutos
Direção: Svetlana Rodina e Laurent Stoop
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Curtas e Médias-Metragens:
À beira do Rio das Almas
Brasil (GO), 2023
Ficção/Experimental, 16 minutos
Direção: Taize Inácia dos Santos
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Curupira e a Máquina do Destino
França/Brasil, 2021
Ficção, 25 minutos
Direção: Janaina Wagner
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Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando
Brasil (AM), 2023
Documentário, 9 minutos
Direção: Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami, Roseane Yariana Yanomami
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Júris
Comissão de Seleção
Desde 2021, o FICA escolhe as comissões de seleção para suas mostras competitivas por meio de um edital público. A comissão de seleção da Mostra Washington Novaes, este ano, contou também com dois membros indicados por instituições parceiras do FICA: a UEG, Universidade Estadual de Goiás, e o Conselho Estadual de Cultura de Goiás.